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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

sábado, 24 de setembro de 2011

Quando aventureiros penduram as chuteiras (ou cajados, espadas...)

Derrotar monstros poderosos, inimigos terríveis. Salvar vilarejos de tribos sanguinárias, ou reinos de invasões de exércitos inimigos ou demônios ensandecidos. Recuperar a jóia mística que permitirá combater o mago ancestral que retornou.

Todos esses feitos, e muitos outros, tornarão os Personagens dos Jogadores, muito famosos e respeitados, dando a eles conquistas que vão de riquezas e bens, até influência e status na sociedade.

Exatamente por isso, chega uma hora em que os aventureiros devem pensar “já fiz minha parte inúmeras vezes”, e deixar que outros cuidem dos perigos e problemas, e fiquem com as recompensas, afinal os PJs já as têm de sobra.

É hora de se aposentar.

Motivo pra se aposentar: família

Após décadas viajando pelo mundo e combatendo monstros, se arrastando ruínas, seguindo o rastro de vampiros e fantasmas, possivelmente os PJs arranjaram um par romântico e “sossegaram o facho”. Pode ter sido um casamento pomposo com uma princesa salva do perigo, ou um modesto brinde na taverna com o “ajuntamento” com a rapariga que cedeu às cantadas constantes do bardo.

De qualquer maneira, se os PJs realmente adquiriram uma família, um lar, não terão motivos para continuar por ai como aventureiros, caçadores, heróis de fundo de quintal...

Mais do que dizer que “se um personagem de um jogador tem agora uma família, tem que se aposentar!”, a questão que levanto é que não faz sentido continuar pondo a vida em risco quando se ama a mulher e filhos. A menos que os aventureiros não tenham adquirido fama e riquezas (algo contra a lógica de D&D), e ele diga pra esposa que “eu preciso trazer comida pra mesa, e me aventurar é o que sei fazer”, não teria muito porque prosseguir.

Pense nos filmes do Rocky Balboa. Inúmeras vezes ele quer continuar lutando por amor ao boxe (ou por ter aparecido um inimigo poderoso, que seja), e a esposa fica preocupada com a saúde dele, dizendo que já provou que era um campeão, que deve se aposentar... Em um mundo verossímil e realmente perigoso, talvez o guerreiro do grupo não consiga se sair vitorioso pra gritar “Adriaaaan!”.

Imagine caçadores de vampiros, fantasmas e outras criaturas que se escondem nas sombras, a tentação de deixar a vida de caça de lado e ficar tranqüilo com a família. Depois de matar inúmeros monstros, pode pensar que já fez sua parte, alem do fato de temer pôr a família em perigo, como Dean de Supernatural que volta à vida de aventuras por achar que ficando com a esposa e filho chama problemas para ele.

Claro que tem aquela questão de gostar do que faz, de adorar os desafios e perigos, a adrenalina correndo, além do fato de mundo de high fantasy permitirem a heróis poderosos e ricos se teleportar até o local onde têm que ir, cumprir sua missão (resgatar item mágico, matar monstro apocalíptico, interrogar antagonista insano) e retornar em pouco tempo para a casa (quem sabe ainda chegando a tempo do jantar!). Porém, se o mundo realmente for um local perigoso (leia-se: magias de ressurreição não são acessíveis), seria mais fácil pendurar o cajado, espada, báculo ou o que fosse, e dizer “deixei meu legado, agora chega”.


Motivo pra se aposentar: Legado

Se os PJs dos jogadores salvaram o reino (e quem sabe mundo) diversas vezes, deve haver outros indivíduos capazes disso, ou quem sabe até ordens e organizações fundadas por eles para este tipo de serviço.

Então se um demônio despertou novamente, o mago não iria arriscar a vida que tanto preza indo enfrentá-lo, mas deixaria que outros magos, aventureiros, oficiais ou não, resolvessem o problema. Se não resolvessem, daí talvez ele se envolveria, o que inclusive poderia ser uma solução para não aposentar os PJs, fazendo somente aventuras que outros não podem fazer. Porém, com que freqüência há acontecimentos impactantes para uma região, reino ou mundo? E quantas dessas não há NPCs que podem resolver?

Pois é, um jogo assim exigiria “passar o jogo” com meses direto, o que seria um transtorno, a menos que os jogadores gostem de tarefas mais cotidianas, cuidando de suas propriedades, problemas do dia-a-dia.

Um campanha de Supers facilmente levaria a um herói pensar que há outros para ajudar o mundo, talvez até um pupilo direto, alguém para empunhar sua máscara/escudo/capuz/capa/garra de adamantium.

Conclusão

O real motivo de aventureiros não se aposentarem é o desejo dos jogadores de continuarem com seu personagem e com o jogo. Porém, talvez chegue no ponto que fica muito “forçado” a continuidade dele em atividade.

Nesse momento talvez seja hora de mudar os rumos do jogo, fazendo com que ele tenha participações especiais (quando um problema ou perigo que outros personagens não deram conta, exija atenção dele), se aposente de fato (saindo dos “holofotes” do jogo, embora possa atuar ocasionalmente como NPC).

Quem sabe o Mestre foque a campanha no tema de aposentadoria, com um PJ ou todos eles tentando deixar sua carreira, mas não conseguindo por seguir um código de conduta que exige que ajude e combata perigos (mais ou menos como o já citado Dean). Ou quem sabe os PJ não consigam se afastar, por mais que tentem, como o Capitão Nascimento de BOPE, que tenta deixar o batalhão, também por pressão da esposa, mas não o consegue, ou Michael Corleone do Poderoso Chefão III, que não consegue se afastar da vida da máfia, e cuja frase poderia ser o conceito desse enfoque de campanha:

“eu tento sair, mas me puxam de volta”




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