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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

domingo, 21 de agosto de 2011

Quem conta um conto aumenta um ponto II

No primeiro post vimos que acontecimentos acabam se modificando a cada vez que são contados, em um processo natural de relatar algo pouco conhecido de forma pouco precisa, ou com precisão incerta.

Agora veremos que a modificação da veracidade de fatos pode ser proposital, o que é ainda mais interessante para desenvolver histórias.
Embora seja interessante o Mestre mostrar que os acontecimentos se modificam conforme são contados e recontados, os jogadores descobrirem que os 10 gigantes que foram enfrentar são na verdade 5 ou 6 orcs causaria uma decepção. Se esta sensação for corriqueira, a verossimilhança do mundo de jogo onde os ganchos de aventuras podem ter muito de boato dá lugar ao sentimento de chatice.
Mas pode ser interessante o Mestre colocar que a modificação em um acontecimento não advém da recontagem inúmera dele, mas sim de intenções por trás deste acontecimento.
Imagine um reino governado por um déspota onde os bardos contam histórias grandiosas e fantásticas, como todos os bardos, mas modificam-nas para aumentar a sensação de que estradas são perigosas e repletas de monstros. A maioria da população ficaria com medo de sair de sua cidade, mesmo esta sendo governada por um nobre opressivo, se acham que tem muitos bandidos nas estradas, ou um covil de gigantes perto, afinal canções sobre o tal covil são contadas por diversos bardos há anos... Já os PJs achariam isto algo interessante e iriam resolver o tal problema, mas descobriram que os gigantes são somente orcs!
O inverso também poderia ocorrer, com bardos “oficiais” minimizando os problemas de um reino, relatando feitos heróicos e grandiosos para “distrair” a população dos problemas do dia-a-dia. Imagine que todos os contos e canções bárdicas de um reino despótico destaque a força de vontade e determinação de heróis lutando contra monstros, que incentiva a população a ter força de vontade e suportar as condições ruins da vida de opressão e pobreza que possuem. Ou ainda as canções tenham outro ensinamento, como pregando histórias de indivíduos que “saem da linha” (revoltam-se contra padres, traem esposa, roubam amigos) e por isso são mostrados como párias.
Mas voltando ao foco do post (embora isso tenha me dado idéia pra outro post), estes bardos ou relatores de história não precisam ser servos de um governo, mas até o contrário. Os PJs poderiam começar uma aventura para salvar uma princesa que fugiu do castelo, mas só depois descobriam que a fuga nunca ocorreu, tendo sido inventada por bardos opositores ao rei para passar uma imagem de que este possui uma filha rebelde e não consegue comandar a própria família (Rhana feelings!).

Se o seu grupo de jogo utiliza um material de campanha como um jornal, seria muito interessante que este apresentasse notícias influenciadas por quem produz o jornal (seja um governo, uma organização, um grupo de pessoas), que também faria a população (e os PJs) acreditarem em inverdades.

Por fim, também vamos pensar na intenção dos bardos em modificar histórias, mas não regadas com desejo de influenciar pessoas, enganar populações nem nada disso.
Muitos bardos, e diria que a maioria, já que normalmente estes não são ligados a instituições ou pessoas, sendo mais independentes, teriam o costume de modificarem as histórias para torná-las mais interessantes, sendo melhor recebidas pelo seu público. Não é difícil de imaginar isso, afinal se um bardo visse uma luta de aventureiros contra um ogre na qual 2 destes morreram e a vitória foi conseguida mais por sorte, já que eram inexperientes e ingênuos em combate, muito mais interessante é contar a história onde o ogre era muito poderoso, e por isso matou 2, ou a inexperiência foi compensada com força de vontade para prosseguir na luta (Seiya, alguém?!), algo assim.
Imagina então se um nobre contratasse um bardo para escrever história dele ou de alguém que goste, certamente se enalteceria muito o que pode ser bem enfadonho, e “puxaria a brasa pro assado” do contratante, usando uma expressão sulista (e próximo do ocorrido na obra Eneida, de Virgílio).
No último post da série trataremos da imagem de heróis e vilões que é passada através de bardos e dos boatos.



3 comentários:

Bardos sempre são um ponto forte na historia , sejam eles aliados a um governo , crença,partido ou não.
já presenciei uma muito boa em que o grupo soube por meio de um bardo que haviam criaturas malignas e sanguinárias que aterrorizavam as redondezas de um atalho próximo a vila, fazendo com que os comerciantes pegassem a estrada principal que era de propriedade de um rei e tendo que pagar "pedágio". mas ao chegaram no tal lar das criaturas se depararam com meia duzia de orcs e alguns lacaios goblins que se encarregavam de armar emboscadas a noite e atacar os desavisados. ( triste não)
Pra mim bardos são como o twitter . segue quem quer e a cada post as coisas aumentam até dar numa grande cagada ou não =)

Esse ocorrido vai bem de encontro com o post, como as coisas vão mudando conforme são passadas..

Já da comparação com twitter, até que tem lógica, mas não sou tão indignado assim heheh.

sim sim . só que ai é o ladino CN com muita filhadaputice na veia hahaha

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