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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Truque de Mestre: narrativa sonho-realidade, confundindo jogadores

Muitos Mestres já pensaram em narrar um jogo onde os Personagens dos Jogadores envolvam-se em aventuras que depois revelam-se apenas um sonho. Indo mais além, outros tantos já pensaram em criar um clima de tensão e até paranóia fazendo com que os mesmos personagens não soubessem se o que estão vivenciando é sonho ou realidade.
Mais interessante é quando os próprios jogadores ficam com essa sensação angustiante, tão confusos sobre o que estão interpretando ser um sonho do personagem ou algo real para o mundo de jogo.

1 – não comece quando vão dormir
Um erro comum é começar toda uma narrativa de acontecimentos após os personagens irem dormir, e principalmente não citando que acordaram.
Ao realizar isso os jogadores perceberão que é um sonho, principalmente se forem mais experientes ou já tiverem tido narrativas e aventuras do tipo. Então nada de após irem dormir “de repente se verem correndo desesperadamente por um corredor escudo”.
Ao invés disso, determine em off em que momento o jogo se torna sonho, possivelmente quando os personagens param para descansar ou enquanto se revezam na vigília, e continue narrando sem citar que alguém dormiu (o que só será revelado no fim da aventura ou narrativa).
Isso é bastante utilizado em filmes, onde no final é revelado que em determinada parte do início do filme o personagem adormeceu rapidamente e até então o que vivenciou era um sonho.

2 – Não coloque acontecimentos surreais
Embora muitos sonhos sejam regados de acontecimento
s muito estranhos, como estar em lugar mais repentinamente (embora ainda pareça algo normal) se ver em outro, ou realizar feitos extraordinários ou, inversamente, não ser capaz de coisas simples, não coloque isso na narrativa de sonho.
Embora este tipo de narrativa crie um clima onírico realmente, quando estas coisas ocorrem, os jogadores quase certamente desconfiarão estarem no sonho. Melhor é fazer que tudo pareça normal para no fim descobrirem ser um sonho (como já citado ser comum em filmes), abrindo mão da confusão que seria causada nos personagens por estes acontecimentos surreais, pela causada nos jogadores por não saberem se o que interpretam, ou as rolagens que fazem, serem “oficiais”.
Embora a narrativa de Alice no País das Maravilhas seja incrível, cartas e animais falantes, coelhos atrasados e ser permitido aumentar e diminuir de tamanho, indica facilmente ser um sonho e que Alice logo acordará (ao menos para nós, leitores atuais, e jogadores bem “ligados”).
3 – Mestre normalmente
Um segundo erro que facilita a compreensão dos jogadores de que o que está ocorrendo não é verdadeiro é limitar as ações dos PJs por eles estarem no sonho. Não limite nada além das limitações que seriam impostas normalmente.
Primeiramente, se os jogadores interpretarem seus respectivos personagens normalmente, estes personagens farão aquilo que normalmente fariam, o que ajuda a fazer o sonho parecer razoavelmente real.
Em segundo lugar, se um jogador desconfiado faz algo estranho, como tentar matar o companheiro de aventuras (o que certamente gerará um debate com o jogador do personagem que é alvo), deixe que o faça, apenas exigindo os testes e rolagens de dado necessárias. Ainda que tanto os testes quanto a discussão possam dissipar um possível clima de tensão ou marasmo desejado pelo mestre para a narrativa (e tão característico dos sonhos), farão os jogadores acreditarem que estão de fato jogando a realidade do mundo de jogo, percepção necessária para a questão posterior: o ciclo sonho-realidade.
4 – Ciclo sonho-realidade
Então o Mestre determinou que enquanto o grupo revezava a vigília de seu acampamento durante a noite, o PJ em guarda adormeceu e passou a sonhar com acontecimentos do grupo, e todas as interpretações e cenas a partir de então são sonhos deste guarda dorminhoco.
Mas algo interessante que quase certamente levará as desconfianças dos jogadores por água abaixo, é fazer um ciclo de acontecimentos que são sonho, e a realidade do mundo de jogo.
Em resumo faça o dito até então, e tudo que está ocorrendo em jogo é um sonho, embora os personagens sejam interpretados normalmente pelos jogadores, as rolagens e testes sejam feitas normalmente.
Porém, após a revelação de que tudo era um sonho o jogo parece prosseguir normalmente, agora sendo tudo “real” no mundo de jogo.
Ou não.
Pela segunda vez na narrativa, os jogadores terão a revelação de que suas ações eram sonho!!! O Mestre certamente enfrentará um misto de perplexidade, decepção, desconfiança, enfim, tudo o que se deseja com este Truque.
Por que afinal, se o que achavam ser real era sonho, e depois quando acharam que após acordar estavam no mundo real, mas este era um segundo sonho (um sonho dentro de um sonho, Inception feelings!), de nada adiantará a afirmação do Mestre de que agora de fato acordaram. De agora em diante, a sessão prosseguirá com os jogadores desconfiados, interpretando seus personagens normalmente, mas com o temor de tudo ser novamente um sonho, sensação de confusão interessante e objetivo desta narrativa.
Imagine que o jogo seja Matrix, e que os PJs passam a jogar com aventureiros em uma nave no mundo que se revelou ser o real. Mais adiante acordam e descobrem que o mundo da matrix, cheio de robôs e agentes, era o sonho, sendo o mundo normal, o real.
Agora imagine se eles novamente despertarem e descobrirem que o “acordar e descobrir que o mundo da matrix era sonho” era um sonho deles enquanto dormiam na nave!
Confuso não?!

Lembrete: confunda com moderação
Como muitos devem ter pensado, se o Mestre exagerar nas “camadas” de sonho do ciclo sonho-realidade, cansará os jogadores e ao invés de criar confusão vai decepcioná-los.
Se os jogadores descobrem que suas ações eram sonho pela 8ª vez na sessão, certamente não estarão muito motivados para realizar grandes feitos, com o temor de que não tenham validade.
Aconselho 3 ou 4 camadas, como citado no exemplo. Até porque, mesmo que a última seja real, “oficial”, será jogada com desconfiança pelos jogadores, o que será tão divertido quando se fosse sonho.



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