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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

domingo, 10 de abril de 2011

Preconceito racial em mundos fantásticos

Elfos e anões não se entendem, humanos são uma raça impulsiva e frívola, muitos são os tradicionais preconceitos raciais em mundos de fantasia (sobretudo medieval), mas o quanto isso é trabalhado em nossas campanhas?

Pensando em refletir melhor sobre os preconceitos raciais, e como torná-lo mais que os xingamentos e empulhações clichês entre os Personagens dos Jogadores, vou trabalhar nesse post meios de utilizar o preconceito como meio de enriquecer os mundos de jogo.

Construa uma lógica própria

Ainda que o preconceito grande parte das vezes não tenha fundamento algum, aqueles mais fortes e difundidos possuem alguma motivação mais ou menos concreta. Vejam bem que não estou dizendo que alguns tipos de preconceito estão certos, mas que alguns possuem uma lógica própria, por mais corrompida e absurda que seja.

Assim, elfos não gostarem de humanos “porque são humanos” fica vazio, fraco de compreensão. Em um possível debate entre membros das duas raças, esse tipo de preconceito pelo preconceito não teria muita sustentação, enquanto não gostar de humanos “por serem impulsivos”, “por não valorizarem a natureza”, etc., torna o preconceito mais plausível dentro da lógica dos élficos.

Em outra palavras criar elementos em que a raça que desagrada uma outra seria uma justificativa para o preconceito, um motivo que para aqueles que desprezam a outra raça, são suficientes para exemplificar o quão inferiores são. E penso que uma boa base seja um motivo comportamental de cada raça, indicando a personalidade e como se comportam.

Anões são rudes e mal-educados denota o tipo comportamental da raça, e por mais que pareça uma constatação simples, poderia sustentar toda uma lógica preconceituosa por parte de elfos (e mesmo de humanos), que regada durante séculos, faria o ódio entre as raças ser imenso, inquestionável, e algo até comum. Poderia se dizer que é natural desprezar anões, considerá-los inferiores, e por mais que a maioria da população não pensasse muito sobre os reais motivos disso (e provavelmente mantenha-se fechada à reflexão acerca do assunto), índividuos mais intelectualizados sustentariam esse desprezo com a lógica própria proveniente de gerações e gerações de preconceito.


Como mostrar o preconceito

O ponto mais interessante de pensar no preconceito racial em mundos de fantasia, é imaginar como que o Mestre pode mostrar a existência do preconceito em seu mundo, e como os jogadores podem fazer o mesmo com seus respectivos personagens.

Em uma de minhas campanhas, certa vez um dos PJs elfos procurava um pedaço de carvalho élfico para forjar um arco para si, e ao encontrá-lo na propriedade de um elfo, citou o motivo de desejar a madeira, ao que ele questionou se o arco que o PJ trazia não era bom o suficiente. O PJ respondeu “esse é muito humano”, e não sei porque, mas a resposta vazia me pareceu um resumo do preconceito racial que costumo ver na maioria dos jogos.

Citei com o jogador, posteriormente, que se o personagem dele fosse ser preconceituoso (e o é bastante), seria bom ter uma base, digamos dizer “esse arco não leva as flechas tão longe quanto gostaria” ou “a estética dele é muito rústica”, algo assim. Ser um objeto humano parecia torná-lo automaticamente inferior, sem motivos mais concretos.

Penso que elfos poderiam desprezar humanos pelos motivos comportamentais já sugeridos (impulsividade da raça, descuido com a natureza), bem como pelo curto tempo de vida, que os faria não ter tempo para pensar e refletir sobre seus problemas, cometendo muitos erros e não sendo impaciente. Assim, o elfo do grupo poderia mostrar seu desagrado quanto os humanos do grupo decidem atacar a base inimiga sem muito preparo, citando as vantagens de se ter paciência e planejar com maior cuidado.

Mas indo além, o preconceito se mostra mais evidente, ao meu ver, em elementos que não são tão ligados ao tipo comportalmental de cada raça. Um elfo não gostaria de humanos pelo já citado, mas mostraria esse desprezo ao não gostar da arte rústica humana, tanto em obras de arte como pinturas e esculturas, ou estilo arquitetônico, quanto pela maneira com que se vestem, “mais parecendo ter jogado um pedaço de tecido velho sobre o corpo do que escolhido uma veste bela e confortável”.

Da mesma forma, um anão não gostaria de humanos pelo desapego destes últimos à lealdade familiar (tão valorizado na raça anã), mas isso ficaria visível em jogo sempre que o anão reclamasse do guerreiro e líder do gru

po ainda não ter visitado o pai dele (“e o que importa que ele mora em um reino distante, é seu pai!”), ou mesmo pela desvalorização do guerreiro humano por detalhamento de armas, não vendo tanta diferença entre a espada que comprou na feira e a tão bem falada espada que o anão disse ser tão bem afiada. “Armas são armas”, diz o humano, e o anão reclama do quanto ele não percebe que leva um pedaço de ferro bruto nas mãos.

Outras situações e cenas podem ser pensadas.

Digamos que o nobre elfo que os personagens foram avisar sobre um perigo iminente não mostra-se tão agradecido quanto imaginavam, e em verdade ignora comentários de qualquer membro do grupo, com exceção do guerreiro elfo. Ou qualquer palavra dita em outro idioma que não o élfico, e claro que o diplomata e nobre sabe outros idiomas, mas quem disse que ele quer utilizar “línguas bárbaras”?

Religião pode ser outro elemento para evidenciar preconceito, citando-se a superioridade de um deus racial, ou a maior quantidade de devotos que ele possui, e “uma religião que tem como local sagrado as casas dos devotos só demonstra a inferioridade de sua raça, pois um deus deve ter um local próprio e grandioso de adoração, co

mo o grande templo de Vendérienn!”


Outras considerações

Claro que deve-se ter cuidado de não querer achar que um conflito de opiniões é um preconceito racial. Um anão que acha que o humano é muito desapegado a família está longe de ter preconceito por toda a raça humana, mas possivelmente esse detalhe está embasado em um preconceito comportamental vindo de gerações.

Assim, ao meu ver, a grosso modo preconceitos raciais surgiriam da distinção e diferenciação entre os tipos comportamentais de cada raça, mas levariam ao desprezo por tudo que remete a determinada raça, sendo estes elementos mais cotidianos em que o preconceito se mostraria evidente.

Humanos seriam desprezados por elfos pela impulsividade com que agem, mas o desprezo se mostraria pela arte e música humana, digamos, que demonstraria a falta de paciência e impulsividade como um todo. Ao menos diriam os elfos.

A idéia de que os halflings são pacatos e acomodados faria muitas raças deprezar um aventureiro e herói desta raça, não acreditando que ele é mesmo capaz de proezas grandiosas. A cada vez que o ladino halfling do grupo falasse que poderia invadir a base inimiga sozinho e abrir os portões para o grupo, o anão mostraria não acreditar que ele conseguiria aguentar o medo de aproximar-se tanto do inimigo, e o elfo acharia que o pequeno quer apenas mostrar-se útil, mas que não teria noção do perigo em que eseria se metendo.

A idéia de que orcs são rudes e grosseiros fariam quase todos não gostarem de um bardo orc, ficando já de “má-vontade” para com suas músicas mesmo antes de ouví-las (o que digamos, poderia dificultar as rolagens do jogador deste personagem).

Afinal, preconceito denota formar uma opinião, um conceito, antes de conhecer de fato. É um “pré-conceito”.



5 comentários:

manoo muito boa essa materia acho que e um ponto que deve ser muito bem pensado ns meus rpgs que mestrava sempre botava o preconceito entre elfos e anoes.

vamo fazer parceria ja add seu banner no meu blog
http://cacadordemagos.blogspot.com/

Obrigado, realmnete é algo a se pensar.

Claro, aceito a parceria.

belo post... muito bem explicado e exemplificado! ;D continue assim!

Esse post só me fez querer ir atrás de livros com informações mais detalhadas sobre as raças mais comuns, a fim de facilitar a criação de personagens e interpretações destes com maior embasamento.

Muito legal parabéns bem explicado!

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