É conhecida a longa vida possuída por muitas raças da fantasia medieval, sobretudo elfos e anões. Mas quanto pensamos acerca do impacto que uma vida longa tem no pensamento e atitudes dos indivíduos?
Nesse post vou abordar alguns pontos a pensarmos, afim de fazer com que viver 200 anos não seja só um detalhe a mais em uma raça.
Relações humanas
Primeiramente, a descrição dos elfos de diversos cenários e sistema aborda o rótulo de arrogantes tido por estes como devido à sua longa vida e, por isso, desapego a tantas pessoas que por elas passam.
Os elfos apresentam opiniões e sentimentos que duram mais que os tidos por um humano. Se um elfo desconfia de um conhecido, demorará mais que algun s meses de convívio para mudar esse fato, da mesma forma que um uma paixão, mesmo as intensas e passageiras famosas nas canções dos bardos, costumam durar uma ou duas décadas. Um luto de um elfo é um período de reclusão e respeito muito além do costumeiro a outras raças, e se deve não apenas pela idéia de que vivem mais, mas antes disso, pelo tempo que a mente e coração de um elfo demoram para aceitar e superar a dor de uma perda.
Arrisco a dizer, portanto, que essas raças possuem um relógio biológico diferenciado, com seus “ciclos de vida” mais vagarosos, tanto biológicos (demorar mais para envelhecer, morrer), quando psicológicos e sentimentais.
O impacto sentimental e psicológico pode ser pensado em outra raça famosa pela longevidade: os anões.
Uma frase famosa entre a raça exemplifica o impacto da longevidade na formação de opinião e relações, e diz que “a diferença entre um conhecido e um amigo é cerca de cem anos”.
A indiferença dos elfos é a desconfiança dos anões, e isto devido à valorização da lealdade entre essa raça. Relações de amizade duradouras entre humanos e anões são raras, já que o tempo de um anão vencer a desconfiança, aceitar o valor do outro, e p assar a considerá-lo um amigo (mais que um conhecido), iguala ou supera a vida de um humano.
Assim, uma raça tão apegada à lealdade e amizade (entre família, clã, e mesmo indivíduos), fará sua visão de mundo lidade à longevidade se valer em um longo processo de aceitação de outros como amigos. Exceções conhecidas seriam aventureiros, já que passar por situações difíceis, de vida e de morte, salvando a vida de outros e tendo a sua salva por eles, facilidade a proximidade, e mesmo o mais teimoso anão concordaria com isso.
Fenômenos e catástrofes
Da mesma forma que indivíduos conhecidos ao longo de 100 ou 150 anos são esquecidos, salvo os de grande importância, o mesmo se daria com acontecimentos, sejam benéficos ou maléficos.
Um terremoto que causa algum estrago na capital, seria falado e citado como algo vago e distante, mesmo após poucas décadas, e mesmo que os indivíduos que o vivenciaram ainda estejam vivos e em plena atividade. Claro que os envolvidos diretamente, como pessoas que perderam parentes com o terremoto, ou tiveram sua s residências arruinadas, lembrariam com precisão do fato, mas o mesmo não se daria na sociedade como um todo.
A ameaça de guerra de um reino vizinho, que foi assunto por 2 anos e gerou preparativos frequentes e um clima de guerra iminente em todos os habitantes, seria relegado a segundo plano diante de guerras que realmente ocorreram.
Tradição e status quo
Um ponto que me parece razoável de se pensar é que culturas cuja duração de vida é consideravelmente maior, certos valores ou costum es devem ter grande importância, por serem preservados por gerações que perduram.
Imagine que uma cultura valorize a sobresaliência do homem diante da mulher, tendo uma organização de patriarcado. Um indivíduo criado nesses moldes que tem uma expectativa de 40-50 anos manterá esses valores fixos e imutáveis por esse periodo, e mesmos que as gerações posteriores sejam menos arraigadas a esses valores (sendo um pouco mais aberto à participação da mulher no governo, digamos), não a mudarão radicalmente após períodos longos de permanência.
E então pessoas cuja expectativa de vida é de 200 anos. Indivíduos conservadores (os que governam, sobretudo), farão o possível para manter es ses valores que julgam adequados, e isso por mais de um século.
O mesmo podemos pensar no governo de forma geral.
Um rei cujo reinado dura 120 anos, manterá uma organização, leis e a política de forma geral sem grandes alterações nesse período (a menos que guerras, revoltas ou outras situações o exijam). Imagine reis egocentricos que promovem medidas de gos to pessoal, e o impacto que essas medidas teriam na sociedade ao manterem-se por um longo período.
Contudo, imagine a dificudlade de se implementar mudanças radicais em sociedades em que gerações possuem uma longa duração. Se o faraó Amenófis IV do Egito já teve dificuldade em implementar o monoteísmo nesta cultura tão religiosa e políteísta, imagina se a vida e a visão de mundo dos egípcios fossem mais longas. De forma parecida, o rei Henrique VIII teria o apoio da nobreza para implementar a religião anglicana se t radição da sociedade inglesa viessem de indivíduos tivessem também a citada diferença?
E estas foram algumas idéias de um tema que acho muito vasto.
Espero que gostem!
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