No post anterior abordei como se enfatizar um tema de jogo através de uma descrição de elementos diretos. Mas o quanto realmente escolhemos um tema ou enfoque para nossas campanhas?
Frequentemente vemos em filmes e livros que existe um tema subjetivo sendo trabalhado. Sem querer adentrar muito na questão, percebe-se que por trás da longa (e excelente) história de Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez, a solidão é demonstrada sutilmente em diversos personagens e situações. Da mesma forma, o tempo focado na espera é visto em O Tempo e o Vento de Erico Veríssimo, e o mesmo ocorre com diversos outros autores.
Usando exemplos mais conhecidos (e atuais!), a série Supernatural trabalha a união muito bem, de forma sutil. Em diversos momentos os irmãos-protagonistas brigam e questionam-se, mas em muitos outros unem-se, e mais que isso, muitas aventuras vividas por eles servem para questionar essa união que possuem.
Mas e se escolhessemos um tema para se tratar subjetivamente?
Digamos que o Mestre queira que seu jogo seja uma maneira interessante de se envolver e lidar com visões e interpretações de morte e vida. Assim, pensa em aventuras envolvendo fantasmas, desejos não cumpridos em vida, vingança, ressurreição dos PJs, e diversas questões que, ainda que possam parecer comuns, trazem à tona esse elemento.
Mas a idéia é não colocar o tema de forma evidente (daí o título do post ser tema subjetivo), mas discretamente, a cada aventura ou acontecimento um elemento ajudando a fixar o tema escolhido.
Usando um exemplo conhecido, o Mestre decide ter como tema subjetivo de sua campanha de vampiros o velho embate humanidade X monstruosidade. Ao longo de diversos acontecimentos os PJs deparam-se com situações de questionamento de o quanto os vampiros ainda são humanos, em suas atitudes e costumes, e o quanto se transformaram em monstros, alimentando-se de seres vivos, possuindo um corpo e aparência cada vez mais decrépitos.
É evidente que este exemplo é o enfoque (ao menos o principal) do jogo Vampiro: A Máscara, mas exemplifica bem onde quero chegar.
O Mestre poderia colocar o tema subjetivo humanidade X monstruosidade de forma diferenciada, aplicando-o a cenários de fantasia medieval, e não tão focados nos Personagens dos Jogadores, mas nos monstros que eles enfrentam e matam.
O quão monstruoso e cruel, e merecedor da morte, é o bando de ogres, se eles estão atacando um vilarejo humano por não ter outra forma de alimentar-se? O quanto tomar o tesouro do dragão é correto, se o que os aventureiros fazem é invadir a moradia de um indivíduo e roubar seus pertences sem motivo algum?
E os paladinos, poderiam simplesmente matar um morto-vivo, se ele demonstrasse ainda ter humanidade em seu coração? Ele não passa de um sugador de sangue sem escrúpulos, ou é alguém que tenta controlar seus instintos e necessidade de alimentação mas por vezes é vencido por ela? Lobisomem, que fazem atrocidades sem ter consciência, são realmente monstros?
E se o tema subjetivo fosse o tempo, aplicado através dos personagens envelhecendo rapidamente, ou melhor, se os PJs tivessem conseguido se tornar imortais pelos seus feitos, mas fossem vendos os familiares e amigos próximos envelhecendo e caminhando rumo à morte?
Essas são algumas divagações rápidas. Pensam o mesmo?
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