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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Transformando monstros raciais em exemplares únicos

Meses atrás, o roleplayer abordou a questão de monstros que na mitologia são únicos, serem raças em RPGs medievais, e resolvi expandir criar um post relacionado a isso, pois já utilizei em minhas sessões essa questão como uma nova abordagem para valorizar encontros com monstros.

Ao invés de os jogadores enfrentarem um verdadeiro zoológico de inimigos em suas aventuras, ora lidando com orcs, outra vez tendo de caçar trolls, e após isso subjugando beholders e decepando medusas e seu temido olhar, a idéia do post é fazer com que cada um destes monstros seja melhor explorado, tornando-os digamos que únicos, com um motivo particular para sua existência.
É muito comum que os Personagens dos Jogadores não questionem a existência de criaturas únicas, o que em verdade me parece um erro. Porque diabos uma criatura tão parecida com humanos possui cabelos feito de cobras, e um olhar petrificante? Porque uma cabeça igual a de um touro?
A idéia não é ficar divagando sobre a origem de toda raça encontrada, o que cairia mais em suposições históricas, mágicas e teológicas (e poderia ser uma grande chatisse e quebrar o andamento do jogo) do que em qualquer utilização mais prática para o jogo. Ao invés disso, o Mestre poderia tomar o cuidado de não jogar um bando de monstros incomuns apenas para serem mortos para os jogadores. Sugiro que diminua o número de monstros de uma raça a serem enfrentados e coloque apenas uma criatura, e um motivo único e pessoal para ela ter surgido.

Explicando de forma mais direta (e continuando com o exemplo de acima, medusa e minotauro, respectivamente), ao invés de enfrentarem uma tribo de medusas que guarda um tesouro que interessa aos PJs, poderia fazer que o local é protegido por diversos bárbaros humanos sobre o controle de uma única medusa, e essa ao invés de pertencer a uma raça, era uma humana da tribo que foi transformada em uma criatura horrenda por se julgar mais bela que as deusas. Ao invés de vários minotauros sendo decapitados, um único que fora um humano até receber a “bênção” de um deus cuja forma mais conhecida é de um touro.

É evidente que estou usando exemplos da mitologia grega, justamente por serem tão conhecidos, mas tão poucas vezes nos aproveitamos deles. Portanto, assim como a medusa e o minotauro, poderiamos pensar em muitas outras criaturas, inclusive não inteligentes, como a quimera e o pégaso, que segundo o mito teria surgido do sangue que jorrou da cabeça da medusa quando Perseu a decapitou (e não existiriam em bandos, como o filme Fúria de Titãs apresentou).
Porém, um ponto que sugiro é não seguir os exempos mitológicos, no que diz tornar essas criaturas exemplares únicos. Peraí, então o post sugere tornar um monstro interessante por ser único, mas diz para não fazê-lo ser único?!
Calma, explico: se um Mestre fizer que exista apenas uma medusa, uma mulher transformada, como citado, não existirá a raça das medusas, que pode ser bem utilizada em aventuras futuras. A proposta desse post não é reduzir as muitas raças conhecidas dos jogadores e mestres (sobretudo da fantasia medieval) a exemplares únicos, mas fazer que alguns casos sejam exceção.
A mulher que se transformou em medusa não pertence a raça das medusas, embora seja identica (tanto na horrenda aparência quanto nos poderes), e inclusive pode ter sido transformada em inspiração à raça (“você, mortal, se julga a mais bela, mas agora será tão horrenda quanto as criaturas odiosas que os heróis tanto temem, as chamadas medusas”). Um exemplo é Trebane, o centauro do romance O Crânio e o Corvo de Leonel Caldela e do cenário Tormenta, onde ele não é um membro da raça dos centauros, mas uma criatura que surgiu da união de um cavaleiro com sua montaria.
Inclusive, aconselho aos Mestres a escolhar criaturas que ele não pretende utilizar com frequência no jogo, pois ficaria um pouco estranho encontrarem monstros que são idênticos a raças que os PJs depararam, mas são na verdade criaturas transformadas. Imagine uma conversa na taverna o aventureiro dizendo “quer dizer que das centenas de medusas que existem no mundo, eu encontrei a única que não é um membro da raça?!”
O Mestre pode ter cuidado nessa questão. Se vão aparecer muitos homens-lagarto no jogo, é aconselhável não colocar os aventureiros diante de um inimigo que no passado fora um humano, mas que agora é um guerreiro utilizador de um artefato capaz de transformá-lo em homem-lagarto em troca de torná-lo mais poderoso.
Um bom jeito seria pegar os compêndios de monstros (sistemas e cenários quase sempre tem a sua versão) e ler os poderes e aparências dos montros, e imaginar que história interessante poderia ser criada a partir disso. Então lá numa página encontra-se um pássaro roca, que é basicamente uma ave maior que um boi, e pensa que os jogadores poderiam encontrá-la em um templo abandonado e descobrir nos registros locais que o pássaro roca era na verdade um simples passarinho que o avatar de um deus transformou magicamente para servi-lo como montaria quando desceu ao mundo, séculos atrás. Mas as melhores opções, na minha opinião, como as variadas mitologias apresentam, são criaturas humanóides e inteligentes.
Legal, então ao invés de fazer os jogadores confrontar um bando aleatório de monstros bizarros, eles confrontam alguém que possui essa forma devido a uma história pessoal.

Mas e qual o ganho ao se fazer as criaturas assim?
Primeiramente, como muitos recursos, este pode acabar perdendo o efeito se utilizado em excesso. Se cada líder de bando e criatura encontrada é alguém que sofreu uma transformação, efeito mágico ou maldição, a raridade deste tipo de acontecimento vai por água a baixo.
De qualquer maneira, o interessante nesse tipo de abordagem é que os PJs não lembrarão apenas de dezenas de monstros que enfrentaram por estar em seu caminho, mas de história de indivíduos que tiveram suas vidas (e formas) modificadas por variados motivos. É mais interessante, penso eu, encontrar uma elfa transformada em uma criatura horrenda devido à sua vaidade excessiva, do que uma tribo de medusas que vive isolada e ataca aventureiros incautos.
Me parece mais envolvente e memorável lidar com este tipo de inimigos, e inclusive derrotá-los pode ter um certo grau de dilema. Afinal, a medusa fora punida, mas em sua forma horrenda e obrigação de viver isolada (já que há muito ninguém se aproxima por saber que pode virar estátua), ja não pagou suficientemente por seu crime? Matar a medusa não seria o mesmo que matar uma elfa? É realmente preciso matar a criatura, ou os aventureiros estão apenas querendo saquear seu tesouro?
Além disso, é evidente que este tipo de situação pode e é abordado pelos Mestres das mais variadas maneiras, mas transformando os monstros raciais em exemplares únicos, esta é mais uma boa maneira de tornar o jogo mais do que uma sucessão de combates e encontros com monstros.
E para os Mestres, novas abordagens, para as velhas questões, são sempre uma boa pedida, não acham?



1 comentários:

Exatamente! Mais do que nunca quando queremos trazer monstros mitológicos para a mesa temos que ser um pouco cautelosos e usa-los em quantidade certa. A menos que o jogo seja ambientado onde esse ser mitológico seja abundante, então ele já compõe o cenário e não tem por que limita-lo.

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