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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Faça elementos tornarem-se a regra, para depois destacar a exceção

Os Personagens dos Jogadores enfrentaram meia dúzia de lobisomens ao longo de muitas aventuras. Com o tempo aprenderam a trazer sempre armas de prata consigo, e logo essas criaturas deixaram de representar muito perigo.

Em certa aventura, contudo, os golpes dos guerreiros do grupo pouco fazem sobre um certo lobisomem, mesmo as armas sendo de prata! (e o alto preço que pagaram por elas em uma feira não os deixa enganar).

Protestos em off à parte sobre o mestre, os jogadores ficarão surpresos com o que ocorreu, e um monstro que já havia se tornado corriqueiro passa a chamar atenção dos experientes aventureiros novamente. Após diversas aventuras, e encontros com outros lobisomens também indiferentes à prata, descobrem que essas criaturas são na verdade dopplegangers metamorfoseados, e estes passam a estar mais presentes nas aventuras, tornando-se adversários mais corriqueiros dos PCs (mas introduzidos de forma razoavelmente mais interessante, e fazendo-os parecer mais perigosos já que o recursoque os PCs confiavam é inútil contra eles).

Esse tipo de situação exemplifica algo que constatei ao longo de algumas campanhas: um meio simples de destacar um elemento é fazer com que concepções há muito consolidadas sejam quebradas, deixando os jogadores perplexos. Então se quer fazer com que um novo monstro que será encontrado em várias aventuras pareça perigoso, mas não quer aumenar seu poder, níveis, bolinhas ou o que

seja, basta fazer dessas criaturas indiferentes aqueles recursos que para os Personagens dos Jogadores sempre foram eficientes.

Trolls são vulneráveis à fogo? Coloque um pequeno bando de trolls atacando sem hesitar enquanto os PJs e suas espadas flamejantes e tochas pensam no que fazer. Dragões brancos são imunes àgelo? A criatura pode ter utilizado suas habilidades mágicas para proteger-se magicamente contra gelo. E se o mago do grupo que há anos invoca criaturas de outros mundos para serví-los conjurasse um demônio que parece imune a todas as magias que deveriam prendê-lo? O demônio pode ter cansado de ser invocado e dominado por mortais inferiores e procurar itens mágicos, artefatos ou outros meios capazes de torná-lo mais resistente.


Use com moderação

Como a grande maioria dos recursos narrativos e de mestragem, esta abordadem tem de ser utilizada com moderação, para, como dito anteriormente, destacarcertos elementos. Do contrário, acaba ocorrendo justamente o contrário: a banalização.

Se um grupo de trolls qualquer tivesse essa resistência a fogo, o encontro seria diferente, até interessante, mas pouco se acrescentaria além disso. Agora se você,

mestre, quer colocar os PCs no enfrentamento de uma nova espécie de troll criada por um mago lunático que os tornou mais resistentes ao fogo através de um pacto com um demônio flamejante, esta é uma boa forma.

Antes dos PCs estarem perto de envolverem-se com os tal mago e a nova espécie de trolls, já os coloque enfrentando a versão comum desta raça, a vulnerável ao fogo, justamente para que se familiarizem com esse recurso. Então, depois, faça-os encontrar a nova espécie, e siga adiante.

Imagine que o seriado Supernatural é um jogo. Evitando spoilers, os PCs caçam diversos demônios, utilizando-se de sal para barra-los, e símbolos mágicos para aprisiona-los. Digamos que o mestre queira destacar um novo tipo de monstro que se tornaria corriqueiro, e faz que os PCs preparem um símbolo, deixando-os surpresos quando o demônio não fica preso (por, na verdade, não ser um demônio) no que até então detivera diversos demônios.

O mesmo vale para os agentes de Matrix. Quando Neo finalmente consegue combater de frente um agente, o impacto em quem olha o filme é imenso justamente porque os personagens frisavam constantemente a dificuldade em enfrentá-los, e o próprio Neo tivera muitas dificuldades quando se deparou com um. Criou-se a regra afirmando queenfrentar agente era difícil, e com Neo verificando isso, para depois destacar a regra que é Neo derrotar um deles.

Se no primeiro encontro Neo já derrotasse Smith, convenhamos, não teria metade da graça, e ainda pensaríamos "esses são os tão temidos agentes?".


Não apenas monstros

Embora fazer de elementos a regra, para depois destacar a exceção seja bastante útil com monstros, como mostrado acima, não precisa limitar-se a eles.

Assim, se os jogadores estão acostumados que aquele NPC que serve de contato lhes traga todas as informações que precisam, mesmo que com certa demora, descobrir com ele detalhes sobre um culto há muito esquecido, e que deveria ser difícil de se conseguir maiores informações, não fará o culto parecer tão secreto. Diferentemente, se esse contato que sempre foi referência de sabedoria e informação disser que “nunca ouvi falar a respeito, e duvido que alguém tenha” os jogadores passarão a achar o tal culto realmente obscuro, perdido e secreto. Também darão maior importância quando um novo NPC surgir com maiores informações, pois este saberá de algo que o recurso que os PCs tinham (o contato) não sabia.

Com esta técnica os desafios maiores que vão surgindo despertam interesse do jogador não apenas por ser um monstro diferente, de grandes proporções, ou com um valor maior de ataque, etc. Ao contrário, os novos perigos destacam-se por parecerem mais difíceis de se superar com os recursos até então eficientes.

A idéia é fazer de diversos elementos familiares aos jogadores para, quando quebrados, o novo se mostre importante, e o interesse dos jogadores e o desafios dos personagens se renome.

E mesmo o consolidado precisa de alguma renovação de vez em quando.



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