Procure no Escudo

Receba atualizações!

http://3.bp.blogspot.com/-Zz9JlQmWp3k/TjGQ-9ykVII/AAAAAAAAApc/1ApqLW-VlYs/s1600/PEROLA+DO+ESCUDO.png


"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

sábado, 18 de junho de 2011

Religião II – Ordens religiosas

No primeiro post sobre religiões, vimos como é possível detalhar a hierarquia eclesiástica e assim diferenciar sacerdotes em diferentes posições e status dentro da sociedade do mundo de jogo.


Neste post vou apresentar idéias de como utilizar organizações religiosas para destacar tanto diferentes tipos de sacerdotes, como as variações dos dogmas de uma mesma divindade.


Então vamos lá!


Aspectos diferentes da mesma divindade


Mundos de fantasia medieval costumam ter panteões, ou seja, a sociedade deste mundo fictício é politeísta, tendo várias divindades.


Porém, uma mesma divindade costuma englobar diversos aspectos, elementos variados que confluem pra noção básica e principal da divindade.


Assim, a Deusa da Natureza pode ser apreciada por povos aquáticos como Senhor das Águas, já que mares e rios são também aspectos da natureza. Também poderia ser cultuada por povos do deserto que buscam oásis com a raríssima água. Ou esses beduínos poderiam cultuá-la por imaginarem que o deserto é também uma representação da natureza, ou mais provavelmente, se não conhecem outros terrenos, climas e culturas, que a natureza é manifestada somente como deserto.


Uma divindade tanto poderia ser vista de forma bem variada, e com nomes diferentes, por povos e culturas, ou uma mesma civilização poderia ter ordens religiosas que primassem por aquele aspecto que acham mais importante, embora não neguem os demais.


Pense no cristianismo. Um dos pontos básicos desta religião é fazer o bem ao próximo.

Porém havia os que achavam que deveriam fazê-lo cuidando dos doentes, ou fazendo voto de pobreza (não detendo posses), ou ainda protegendo aqueles que não poderiam fazendo, tornando-se guerreiros e lutadores.


Assim havia a ordem dos monges beneditinos (Ordem de São Bento), que primavam pela pobreza e pelo trabalho, sob a máxima “reza e trabalha”, os jesuítas (Companhia de Jesus), que se focava em ensinar e catequizar o próximo, etc.


Então uma Deusa da Natureza poderia ter organizações representando seus elementos, como a Ordem do Fogo Eterno, os Devotos da Água Santa, etc., cujos membros saberiam lidar com esses elementos, talvez ter poderes mágicos ligados a eles, e até mesmo ter rezas e ritos próprios.


Ou ainda poderiam se dividir em terrenos, como os Santos Beduínos da Deusa, pregando o culto no deserto, ou os Devotos do Frio Terreno, construindo templos em forma de imensos iglus em territórios gelados.



Diferenciação e rivalidade


Interessante ao se criar ordens religiosas, é lembrar que estas podem ir além de apenas diferirem em dogmas e interpretações teológicas, elas podem ser inimigas!


Um Deus da Guerra pode ter uma ordem que prima que deve propagar conflitos em qualquer lugar, sendo famosos por atuarem como conselheiros de reis e incentivarem invasões e conquistas (o que é comumente efetivado já que, mesmo com essa fama, o apoio do poderoso clero sempre agrada aos monarcas). Além desta, há aquela que prega que os clérigos devem ser na verdade defensores dos oprimidos, guerreando contra regimes autoritários, e por fim uma organização que visa a educação de oficiais e organização racional dos exércitos, atuando como Conselheiros de Guerra, estrategistas e engenheiros militares.


Imagine como pode ter um clérigo da primeira ordem incentivando um rei a invadir um ducado, um clérigo da segunda ordem que vive neste ducado e começa a convocar outros sacerdotes para proteger a região da invasão do “rei tirano”, e as duas tendo como suas mais brilhantes mentes, os estudiosos e engenheiros da última ordem!


Mesmo divindades menos combativas podem ter grandes rivalidades.


A Deusa da Vida pode ser vista pela Santa Ordem da Divina Celles como uma divindade que quer proteger o bem-estar, a vida de todos, e por isso evitam conflitos, desentendimentos e a violência, enquanto os Sagrados Protetores da Vida, acha que só se pode proteger os oprimidos lutando por eles, enfrentando e matando os indivíduos maléficos.


Imagine a dor de cabeça entre as ordens quando um nobre cruel capturado diz estar arrependido, e se ele ainda é um morto-vivo, um vampiro!


Por fim, pode-se pensar em rivalidade entre "ramos" de ordens. Como ordens de cavalaria (templários, hospitalários), monásticas (beneditinos, cartuxos), ou clericais (jesuítas). Os cavaleiros, ou paladinos, poderiam achar-se superior por lutarem contra os inimigos da religião, ao invés de "só ficar rezando e rezando", ou os monges poderiam considerá-los como "selvagens... guerreiros com fé, mas ainda selvagens".



Nomes devem refletir o dogma


Um detalhe interessante a se pensar é que os nomes das organizações religiosas devem refletir suas crenças.


Todos os exemplos citados no post exemplificam bem isto, indo de nomes mais genéricos como Santa Ordem da Divina Celles, até mais diretos como Sagrados Protetores da Vida.

Pode-se homenagear figuras importantes naquela religião, como santos, papas, clérigos-máximos, paladinos, colocando seu nome em uma ordem, ou t

ambém tendo o nome da própria divindade.


De qualquer maneira, é interessante que o nome tenha personalidade e reflita, com razoável clareza o que a ordem prega. Ordem do Fogo Eterno parece indicar uma ligação com o elemento fogo, enquanto os Senhores do Punho de Ferro transparece que são sacerdotes belicosos, enquanto Espectros Noturnos parecem indicar que tanto são devotos de uma divindade da noite ou das trevas, quanto que são um tanto quanto sinistros.


Além disso, interessante é pensar no nome e mesmo organização de uma ordem com variações raciais. Orcs são mais desorganizados e errantes, então ordens de cavalaria com toda uma hierarquia pode ficar estranho, enquanto para anões funcionaria bem.


Idéias de aventuras usando ordens religiosas


Então se o Mestre quiser diferenciar as religiões, mostrando que os devotos de uma mesma divindade não são uma massa homogênea, poderá utilizar-se das ordens.


Se há um clérigo ou paladino no grupo, ele pode passar a ter contato com uma ordem, possivelmente uma que não se diferencie tanto do aspecto “geral” e principal da divindade. Com o tempo ele pode descobrir que sua ordem é tradicionalmente rival de outra, e muitas aventuras são missões de combate aos ”inimigos próximos” ou tentando adquirir relíquias antes deles, contato com nobres influentes, etc.


Outra maneira é os PJs descobrindo que uma divindade bondosa possui uma ordem maléfica, cujos clérigos recebem poderem porque de fato sua interpretação dos dogmas não está errada, embora seja um pouco distorcida.


Certa vez fiz uma aventura no cenário Tormenta onde os PJs encontraram uma antiga ordem da deusa Valkaria. Embora ela não seja uma divindade realmente bondosa, certamente não é exemplo de cultos malignos e sacrifício de garotas, que foi justamente o encontrado pelos PJs.

Acontece que os clérigos desse cenário só possuíam poderes dentro do reino de Deheon, cujo centro possui uma grande estátua da deusa. O que esse culto fazia era raptar e petrificar garotas (utilizando-se de medusas aliadas ou basiliscos capturados), e fazendo rituais mágicos que “emulavam” o poder que a estátua emanava de conceder poder aos clérigos.


Assim, em uma área próxima a dessas estátuas-cópias de Valkaria, mesmo fora do reino de Deheon, os clérigos continuavam com seus amplos poderes.


Outras idéias interessantes seriam os PJs encontrarem vestígios (templo, ou documentos) de uma antiga ordem a muito extinta, e resolvendo colocá-la novamente na ativa, ou depararem-se com um nobre ou mesmo um rei que está sob influência de uma ordem que desagrada os PCs, embora seja da mesma religião que eles.


Enfim, idéias e mais idéias...



No próximo post da série vamos ver como desenvolver vestimentas e utensílios religiosos que reflitam dogmas, que tenham seu próprio simbolismo!




2 comentários:

Acabei de conhecer o blog. Seus artigos são muito bons e cheios de idéias excelentes. Um pequena leitura desses textos pode conceder muitos ganchos aos mestres.

Idéia é essa Bruno, discorrer sobre variadas questões sobre RPG, mas também dar exemplos e idéias úteis!

Sinta-se à vontade para ler e comentar, e obrigado!

Novo Comentário