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"Se um grifo não consegue se destacar no jogo, um gato não vai conseguir"

-jogador de um personagem cavaleiros dos céus, sobre o comentário do Mestre de que o gato da maga não estava tendo muito destaque nos jogos


Por Zell

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Novos monstros, realmente é preciso?

Muitos mestres costumam criar diversos novos monstros ao longo de suas aventuras, simplesmente pelo fato de não encontrarem um que tenha o histórico e/ou poderes necessários na aventura em questão.

Porém, me parece que muitas vezes preocupamo-nos e gastamos tempo demais com algo que normalmente qualquer compêndio de monstros já fez por merecer. Em outras palavras: é preciso criar um monstro novo, ou bolar uma aparência, história ou mudar algumas estatísticas de um monstro conhecido não seria o suficiente?

Vejam bem, minha intenção nesse post é atentar aqueles Mestres que não gostam de ter que ficar criando fichas, distribuindo pontos e quebrando a cabeça com um poder diferente para um monstro, mas constantemente o fazem. Aqueles que gostam de bolar novas criaturas, criar suas estatísticas ou pensar em poderes bizarros e interessantes, não têm porque deixar de fazê-lo.

Agora se você, assim como eu, acha meio chato isso, prossiga.

Qualquer que seja o sistema de jogo usado por seu grupo, é muito provável que exista um manual/livro/compêndio/tomo de monstros para esse sistema ou cenário. Então, o Mestre dispõe de dezenas, e não raramente, centenas de monstros com estatísticas e poderes minimamente detalhados, sendo preciso apenas conhece-los, e saber sobre essa criatura para coloca-la nos momentos adequados de jogo (e não encontrar um lobo das estepes protegendo o tesouro de um troll nas proximidades de um vulcão).

Ainda assim, frequentemente acontece que o Mestre tem idéia de um monstro diferente, com todo um histórico elaborado, e percebe que seu compêndio de monstros não possui nenhuma criatura parecida, o que exige cria-la do zero. E é justamente ai que eu discordo.


Não se parece com nada que eu já tenha visto...

Na maioria das vezes quando pensamos em um monstro novo ou é devido a uma aparência e forma diferente do que conhecemos, ou é um poder incomum (se for os dois, coitados dos seus jogadores, porque vem encrenca aí). Então, mais fácil é o Mestre procurar uma criatura que tenha uma forma, tamanho e aparência parecida, e apenas inventar um poder, efeito, capacidade única que queira e acrescentar a essa criatura, ou ainda pegar uma que tenha o poder desejado e modificar sua aparência.

Então o Mestre pensou que na fortaleza de um mago que dedicou sua vida ao estudo de magias de petrificação seria interessante ter criaturas com esse poder, mas acha que medusas são muito conhecidas pelos jogadores, e mesmo que eles interpretem não ter idéia do que são essas criaturas e seus poderes, começariam a suspeitar das características do local, que seria uma revelação somente quando encontrassem o diário do tal mago. Ao invés de inventar toda uma nova criatura, o mestre poderia mudar a aparência da medusa para qualquer coisa humanóide e provavelmente já teria o resultado esperado. Então quando os jogadores se deparassem com homens com o corpo cobertos de pêlos e que falassem em sons guturais, não suspeitariam que estes tenham a mesma ficha que uma medusa, mesmo quando os olhos do monstro brilhassem e petrificasse o ladino do grupo (e provavelmente se interessariam mais em saber porque aquelas criaturas tem o poder de petrificar pelo olhar do que “ah, são medusas, sempre petrificam”).

Acrescente uns basiliscos com a mesma aparência de simples cães, e voilá, os PJs vão querer ir até o último aposento da fortaleza para descobrir como diabos olhar petrificante é algo tão comum neste local.

Com a possibilidade inversa é um pouco mais complicado, confesso. O Mestre pensa em uma criatura que se parece com um homem grande, de uns 3 metros de altura, mas que tem o corpo coberto de espinhos, capacidade que faz com que ele possa tanto “empurrar-se” contra inimigos em combates corpo-a-corpo visando feri-los, como disparar uma chuva de espinhos contra todos. Legal, não há nada parecido como “homem porco-espinho” no compêndio de monstros, mas a criatura tem um tamanho e forma similar a um ogre, então a ficha desta criatura seria um bom meio de se começar.

O poder que seria um grande diferencial do homem porco-espinho (ta, sei que se fosse um monstro sério o Mestre não gostaria que fosse chamado assim, mas a relação é evidente) ainda estaria sem regras específicas, mas daí caberia ao Mestre procurar qualquer criatura com alguma habilidade parecida (como a mantícora do D&D, ou o mutante Spiker do X-men) e basear-se em suas estatísticas, ou mesmo uma magia ou item mágico com efeito similar, ou inventar regras do zero, usando seu conhecimento sobre o sistema ou o velho bom senso. De qualquer maneira, quase todo o trabalho estaria concentrado no poder incomum da criatura, e não haverá tempo e perdido trabalhando nas regras básicas de ataque de pancada, tamanho, velocidade dela correndo, etc.

Contudo, claro que o bom é inventar a origem da criatura (é um monstro único criado por um mago ou amaldiçoado por um feiticeiro (veja esta matéria) ou uma raça inteira?), e, sendo uma raça, como costumam viver, hábitos, alimentação, etc. Afinal, o amor fraternal e o acasalamento do nosso homem porco-espinho deve ser um tanto difícil.

Além disso, muitas vezes apenas trabalhar no histórico e descrição da criatura já é o suficiente. Se os PJs estão desbravando uma antigo escola de magia abandonada, fazer com que todas as criaturas tenha um pequeno poder mágico (ou mais resistência a efeitos mágicos) já daria um efeito interessante. Ou se eles encontrassem a parte que era destinada a manter enclausuradas criaturas frutos de experimentos mágicos? Bastaria descrever a maioria das criaturas como horrendas e deformadas, fruto de experiência sem sucesso, mas continuar usando fichas de ogres, trolls, salamandras, etc.

Se a aventura é em um ambiente marinho, além dos inúmeros monstros aquáticos que qualquer compêndio tem, o Mestre poderia simplesmente descrever qualquer criatura como contendo guelras e escamas, e nadando sem dificuldade, assim como criaturas capazes de voar seria o suficiente para proteger a torre voadora do mago Sleifs das Asas Eternas.

Às vezes, basta nos preocuparmos mais com a história e ambientação, e menos com regras, números e fichas.


E quando não tem nada parecido mesmo?!

Pense em alguns monstros um tanto bizarros, e o quanto não se parecem com nada. Cubos gelatinosos, beholders, quimeras, etc. E se eles não existissem e você, Mestre, tivesse tido a idéia de inventa-los? Certamente não teria tido muitos exemplos para comparar e se basear, afinal de onde tirar o poder de “sugar” dos cubos gelatinosos? Que criaturas tem muitos olhos e poderes em cada um? Sem dúvida, não é como pensar em um ciclope e pegar um gigante, coloca-lo com um único olho e pronto!

Bom, quando não há um monstro parecido nem em aparência, forma ou mesmo com o poder desejado, não tem jeito, é fazer o bicho do zero mesmo. Se basear em criaturas minimamente parecidas, ou itens mágicos e magias com efeitos similares ainda pode ajudar, mesmo que pouco.

Porém, acredito que com este breve post as situações em que inventar novas criaturas a partir do nada sejam menos freqüentes, e quando ocorrer serão mais prazerosas e divertidas.

Quase tanto quanto usá-las em jogo e instigar (ou amedrontar) os Personagens dos Jogadores.

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